Reticências
Havia um grande espaço no chão da sala coberto por papel branco. Ela adorava estar ali, seus pais preparavam aquilo para ela desenhar. Mas a menina tinha pena de acabar com a brancura do chão, então ficava lá deitada, esperando o tempo passar.
Aquela cor branca lhe dava paz e ela se sentia cada vez mais absorvida por aquele lugar. Até que um dia resolveu absorver aquela brancura. Começou a rasgar o papel e a prová-lo, então o engoliu e antes de perceber o seu gosto ruim, sentiu uma pancada na canela e ouviu:
“Vai para o castigo, agora!”
O castigo era ficar trancada no seu quarto e o repressor era seu pai. Mal ele sabia que Gabriela descobriria sozinha que comer papel não é bom.
Aquela cor branca lhe dava paz e ela se sentia cada vez mais absorvida por aquele lugar. Até que um dia resolveu absorver aquela brancura. Começou a rasgar o papel e a prová-lo, então o engoliu e antes de perceber o seu gosto ruim, sentiu uma pancada na canela e ouviu:
“Vai para o castigo, agora!”
O castigo era ficar trancada no seu quarto e o repressor era seu pai. Mal ele sabia que Gabriela descobriria sozinha que comer papel não é bom.
2 Comments:
Impressionante! Apenas isso... mas como um "impressinante" deve ser bem colocado, segue a explicação:
Eu acho que essa sua rápida "crônica!?" (não sei ao certo o que seria) monta uma bela analogia a algumas das propostas modernas. A maneira como a personagem come o mundo (papel) e como o devora, experimentando o seu sabor - "peculiar" e, mais tarde, que não é bom - é fantástica. E, depois surge o pai. quer melhor objeto de repressão simbólica que ele? E este a supreende e a impossibilita descobrir o "real" sabor do mundo. De um mundo de papel mastigado por sua própria boca...
sei lá, devo ter pirado, mas é que achei bárbaro o texto.
beijos
Muito bom, menina.
Postar um comentário
<< Home