Et Caetera

Espaço para produções textuais minhas, suas ou para simplesmente contar como foi o dia...

Minha foto
Nome:
Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

eu sou uma atriz ou eu sou uma gaivota?

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

DÍVIDAS E CONTROVÉRSIAS

Dia 29 de setembro. Seu João acordara aliviado, entraria hoje, em sua conta bancária, o tão esperado ordenando. Dia 30 era um sábado. Ele estava certo que naquela sexta-feira, sairia do buraco.

Levantou cedo, comeu a última fatia de pão que havia na geladeira, passou uma manteiguinha e se dirigiu rápida e decididamente ao seu banco.

Seu João chegou ao banco às 09:00, o seu lugar na fila estava a um quarteirão da porta bendita. Compreensível. Último dia útil do mês, todos deveriam estar na mesma situação.

De repente, um tumulto começara a inflamar a bendita porta. 10:00. Ora bolas? Bendita que não estava aberta! Atestou Seu João. Olhou-a novamente. E foi, então, que seu João descobriu nela uma enorme cruz. O banco não abriu. Será que não abrirá? Indagou. Até que ouvira, entre murmúrios, uma voz:
--- O sistema está inoperante senhores, não temos previsão de volta.
Os murmúrios se transformaram em berros.
--- Não têm previsão? Carambolas! Mas, como é que eu fico no final de semana?
(desesperou-se Seu João)
Foi neste momento que Seu João se juntara aos colegas da porta. Vociferou. Gaguejou. Gesticulou. Tudo isso junto com os nobres colegas.

O mês de setembro fora, para Seu João, um mês de dívidas e muitos imprevistos. Por isso, seu dinheiro praticamente acabara na noite do dia 28. Morador da província e sem dinheiro para ir até a capital, em outra agência, seu João tivera que permanecer no inesgotável tumulto. O seu discurso inflamava juntamente com o passar do tempo.

No meio de tantos bravejos, estava Carlos. Um jovem agoniado de trinta anos. Porém, o caso de Carlos era um pouco diferente; seu pagamento também sairia no dia 29. Está certo, talvez não o receberia naquele dia. Porém, Carlos tinha um outro problema para resolver antes e naquele momento, não poderia reclamar pelos seus direitos. Carlos era o funcionário do banco.

14:00. Na província, o banco fechara às 15:00, então, a situação começara a ficar mais crítica e Carlos orientou os clientes a voltarem no sábado, ou na segunda- feira, porque provavelmente o banco não abriria mais. Pronto. O povo desconfiou de greve. Maldito funcionário. A multidão urrou. Mas, teve um cidadão que urrou mais forte e urrando foi até o funcionário. De repente...
--- Ploft!
Um soco. Carlos levara um soco.
--- Eu não tenho culpa! Desesperou- se Carlos levantando os braços para que os policiais o salvassem.
A multidão segurou o agressor. Aquilo já era demais! Os policiais chegaram e a multidão se dispersou, foram ligeiros. Uns acabaram passando por cima do funcionário caído e não teve jeito, fratura na perna.

Seu João apressou-se, a situação ficara preta. Voltou a pé para casa. Economizou. Pelo visto teria de voltar amanhã de novo ao centro.
Carlos, sem força, fora levado para o hospital.

No dia seguinte, sábado, o sistema do banco voltou e houve quem pegou seu ordenado pelo caixa eletrônico, foi o caso de Seu João. Seu final de semana estava salvo, fora direto para o mercado, comprara uma carne e fizera um churrasco.

No hospital, nada ia bem. Não havia jeito, a perna do funcionário teria de ser engessada e seu rosto inchara.

--- Perna engessada e rosto inchado? Caramba! Como é que eu fico no final de semana, doutor?

--- De repouso.

4 Comments:

Blogger Moacy Cirne said...

É, minha cara, a realidade às vezes é dura. Mas, pensando melhor, poderia ter sido pior, não? E se tivese havido um quebra-quebra, com mortes e o diabo? E se o dinheiro de Seu João tivesse acabado bem antes do dia 28, como teria sido a reação dele? Hem? Hem?

Um beijo, Menina.
Quando você viaja?

6:34 PM  
Blogger Fernanda Paixão said...

heheheh
com certeza Moacy!

2:50 PM  
Blogger Fernanda Paixão said...

viajo dia 26 de fevereiro

2:51 PM  
Blogger Daniel Ayer Quintela said...

rá.
Tudo na vida passa, inclusive amigos e porre de cachaça, apenas a tristeza, essa não passa, ela é senhora, irmã da solidão, e quem deveras falou de solidão?!
ah, a foto é minha, minha e de uma pequena e linda companhia. Observamos juntos aquela cena, uma varanda, plantas trepadeiras e as sombras dos personagens que estavam a conversar com movimentos graciosos e sutis. Lindas as duas. Vó e neta.

Um beijo Fê. té

8:22 AM  

Postar um comentário

<< Home