Et Caetera

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eu sou uma atriz ou eu sou uma gaivota?

sábado, fevereiro 21, 2009

Chile, Argentina e Portugal

É impressionante como a embriaguez de bons vinhos nos faz transcender a carne. Eu juro, visitei os três países!

Comecei pelo Chile, o oceano que banha as terras chilenas realmente é mais pacífico, os chilenos são pra começo de conversa, diluem na boca e no final vem aquela pontada de boa qualidade.

Depois de algumas experiências chilenas parti logo pra Europa, ansiava por algo mais... ah! Nossa, pontada seca e tinta logo na primeria sensação, o Europeu é encorpado, bem mais maduro que os novatos latinos (mas o Chile e a Argentina têm futuro!) e depois da pontada, opa! Some e a boca seca. Por um milésimo pensei que precisaria de água, que nada, mais alguns bons goles.

A mitologia ensina que depois de três taças de vinho, Dionísio não se responsabiliza mais. A primeira taça é a chegada, a segunda a confraternização e a terceira a do sono. Não foi esse número exato de taças, mas antes de chegar a do sono... volver.

O argentino acabava de chegar cheinho de si. Mais uma taça. Ui! Pontadinha seca e tinta, logo na primeira sensação. Os argentinos têm um contato mais direto com a Europa, então a fórmula é a mesma, só não dá pra esconder a pouca idade.

Corpo mole, palavras tortas, mas a confraternização estava a todo vapor. Calor. Queimação. Só restava os pampas brasileiros. Mais um gole. Ih! Um gole e nada mais. Quando a gente aqui tá pisando na uva, os vinhos lá já estão guardados há anos. Brasil, bebê gigante, seu vinho ainda era suco...

O Brasil tem algo que é só dele, algo próprio, mas sobre isso depois a gente conversa.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

DÍVIDAS E CONTROVÉRSIAS

Dia 29 de setembro. Seu João acordara aliviado, entraria hoje, em sua conta bancária, o tão esperado ordenando. Dia 30 era um sábado. Ele estava certo que naquela sexta-feira, sairia do buraco.

Levantou cedo, comeu a última fatia de pão que havia na geladeira, passou uma manteiguinha e se dirigiu rápida e decididamente ao seu banco.

Seu João chegou ao banco às 09:00, o seu lugar na fila estava a um quarteirão da porta bendita. Compreensível. Último dia útil do mês, todos deveriam estar na mesma situação.

De repente, um tumulto começara a inflamar a bendita porta. 10:00. Ora bolas? Bendita que não estava aberta! Atestou Seu João. Olhou-a novamente. E foi, então, que seu João descobriu nela uma enorme cruz. O banco não abriu. Será que não abrirá? Indagou. Até que ouvira, entre murmúrios, uma voz:
--- O sistema está inoperante senhores, não temos previsão de volta.
Os murmúrios se transformaram em berros.
--- Não têm previsão? Carambolas! Mas, como é que eu fico no final de semana?
(desesperou-se Seu João)
Foi neste momento que Seu João se juntara aos colegas da porta. Vociferou. Gaguejou. Gesticulou. Tudo isso junto com os nobres colegas.

O mês de setembro fora, para Seu João, um mês de dívidas e muitos imprevistos. Por isso, seu dinheiro praticamente acabara na noite do dia 28. Morador da província e sem dinheiro para ir até a capital, em outra agência, seu João tivera que permanecer no inesgotável tumulto. O seu discurso inflamava juntamente com o passar do tempo.

No meio de tantos bravejos, estava Carlos. Um jovem agoniado de trinta anos. Porém, o caso de Carlos era um pouco diferente; seu pagamento também sairia no dia 29. Está certo, talvez não o receberia naquele dia. Porém, Carlos tinha um outro problema para resolver antes e naquele momento, não poderia reclamar pelos seus direitos. Carlos era o funcionário do banco.

14:00. Na província, o banco fechara às 15:00, então, a situação começara a ficar mais crítica e Carlos orientou os clientes a voltarem no sábado, ou na segunda- feira, porque provavelmente o banco não abriria mais. Pronto. O povo desconfiou de greve. Maldito funcionário. A multidão urrou. Mas, teve um cidadão que urrou mais forte e urrando foi até o funcionário. De repente...
--- Ploft!
Um soco. Carlos levara um soco.
--- Eu não tenho culpa! Desesperou- se Carlos levantando os braços para que os policiais o salvassem.
A multidão segurou o agressor. Aquilo já era demais! Os policiais chegaram e a multidão se dispersou, foram ligeiros. Uns acabaram passando por cima do funcionário caído e não teve jeito, fratura na perna.

Seu João apressou-se, a situação ficara preta. Voltou a pé para casa. Economizou. Pelo visto teria de voltar amanhã de novo ao centro.
Carlos, sem força, fora levado para o hospital.

No dia seguinte, sábado, o sistema do banco voltou e houve quem pegou seu ordenado pelo caixa eletrônico, foi o caso de Seu João. Seu final de semana estava salvo, fora direto para o mercado, comprara uma carne e fizera um churrasco.

No hospital, nada ia bem. Não havia jeito, a perna do funcionário teria de ser engessada e seu rosto inchara.

--- Perna engessada e rosto inchado? Caramba! Como é que eu fico no final de semana, doutor?

--- De repouso.

domingo, fevereiro 01, 2009

São cem anos de solidão

São cem anos de solidão, meu amigo. E eu ainda tenho uns bons setenata anos. Ou eu descubro logo a graça dessa devastadora.
O jogo acaba, a conversa acaba, no teatro tudo acaba, começa, aca...
A conversa acaba, a paquera acaba.
No final, termina sempre eu com eu mesma.
Solidão, bandida.
Todos ao meu redor estão a sua própria procura. Gentileza, onde se encontra? Na dura promessa da alma em revelar um gentil, aí sim eis tu, oh Nobre sentimento humano.
os homens: se entrelaçam.
são medrosos, se protegem
carentes, se amam
do amor
ai ai
é nobre o espírito de quem ama
quem ama é amado.
E no caminho tortuoso da procura, se batem e se matam também. O despero do vazio os fazem vorazes, devoram o que está do lado, na frente, atrás!
Se debuliam em lágrimas, pelo desespero do vazio. Por causa dele, para ele.
Meu amor, onde está você?